A troika deixou ontem um apelo às empresas privadas para que cortem os salários aos seus trabalhadores para conseguirem vender mais e mais barato. Mas, além do conselho, está já a estudar a forma de permitir que a medida se concretize: uma revisão ao Código do Trabalho, sabe o Negócios – que actualmente protege os trabalhadores de reduções salariais directas.
Pedro Passos Coelho começou por dividir os portugueses com a medida tomada para o Orçamento de Estado de 2012 ao propor o corte do 13º e 14º mês somente para os funcionários públicos e trabalhadores das empresas geridas pelo Estado. Dividir para reinar no seu melhor. A mensagem deixada, para justificar essa decisão, de que os funcionários públicos ganhavam mais do que os trabalhadores do privado e que tinham a garantia de emprego para toda a vida criou efectivamente essa divisão. Bastava ler as centenas de comentários dessa massa anónima e cobarde (porque anónima...) que deixa a sua opinião no respectivo espaço dos jornais reservado para comentar as notícias. Essa gente estúpida e idiota não sabe que por detrás de uma medida vem sempre outra negociada nos bastidores. E ela aí está...!!! E de mansinho vão atingindo os seus objectivos. A lição está muito bem estudada sem dúvida nenhuma. Como bons alunos da famigerada Troika...
"Primeiro levaram os comunistas
Mas não me importei com isso
Eu não era comunista
Em seguida levaram alguns operários
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os sindicalistas
Depois prenderam os sindicalistas
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou sindicalista
Depois agarraram uns sacerdotes
Depois agarraram uns sacerdotes
Mas como não sou religioso
Também não me importei
Agora estão me levando
Agora estão me levando
Mas já é tarde."
Bertold Brecht (1898-1956)
"Na primeira noite, eles aproximam-se
e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam-nos o cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua, e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada."
Maiakovski (1893-1930)
Um texto interessante com poemas a condizer. Se nos descuidamos os maçons tomam totalmente conta disto...
ResponderEliminarJorge
ResponderEliminarOntem, não consegui ditar o meu Comentário, mas ainda está no tempo.
O que se diz, como Brecht e Maiakovski, é como apanhar porcos selvagens.
Primeiro dá-se algo para comer e coloca-se um simples rede num dos lados. Eles comem e partem sem se importar com a rede. No tempo seguinte, coloca-se mais uma rede a formar ângulo e a comida lá no meio. Comem e não estranham as redes.
No outro dia, uma nova rede a formar o "U" e sucede o mesmo; algum tempo depois, uma outra só com uma estreita abertura. Entram e, quando querem sair, já se lhes fechou o cerco.
Assim nos vão construindo a cerca e nós não nos estamos importando.
Abraços
SOL
http://acordarsonhando.blogspot.com/