sexta-feira, 12 de julho de 2013

Devolver a Palavra aos Portugueses

Devolver a palavra aos portugueses

Assistimos nos últimos dias ao apodrecimento do Governo. Ao inadmissível jogo de sombras entre o PSD e o CDS, em que cada um dos protagonistas tenta responsabilizar o outro pelo estado deplorável resultante da governação do País.

A degradação política do governo é um reflexo da crise social e económica decorrente da estratégia de austeridade que tem vindo a ser seguida. De cortes em cortes, de recessão em recessão, estamos cada vez mais pobres, mais longe de poder pagar qualquer dívida. O desemprego aumenta, os salários diminuem, as pensões são postas em causa, os serviços públicos essenciais são ameaçados.

A crise política arrasta-se há muito, sendo cada vez mais grave. É uma crise política decorrente das políticas protagonizadas pelo próprio Governo e cada vez mais contestadas pelos portugueses. Mas, de forma progressiva e crescente, é a democracia que tem sido posta em causa e a própria política desacreditada.

A cada dia que passa com este Governo em funções, agrava-se a situação económica, social e política, agravam-se as condições de independência e de soberania do País.

A demissão deste Governo e a convocação de eleições assumem hoje, mais do que nunca, um carácter urgente. O Presidente da República não pode continuar a sacrificar os portugueses em nome de uma estabilidade governativa inexistente e de uma estratégia falhada de ajustamento económico.

Os portugueses têm o direito e o dever de definir, livremente, as suas opções e a expressarem o que querem como políticas que garantam um futuro decente para Portugal. No entanto, eleições antecipadas não resolvem, por si só, os problemas com que estamos confrontados.

As políticas de austeridade, resultando de dinâmicas globais, exigem não só respostas políticas nacionais como internacionais. Mas, internamente, a alternativa política, para o ser, precisa de vencer bloqueios e valorizar convergências.

O Congresso Democrático das Alternativas (CDA) considera urgente a devolução da palavra aos cidadãos, através de eleições antecipadas o quanto antes. Estas eleições têm de ser caracterizadas pela verdade na análise dos problemas, no rigor das propostas, na clareza dos compromissos de governação.


A exigência de tais esclarecimentos constituirá uma preocupação central na intervenção do CDA nos tempos que se avizinham. As próximas eleições deverão constituir um processo exemplar de diálogo, de participação e de mobilização dos portugueses, a partir de propostas concretas e claras dos partidos políticos sobre os obstáculos e desafios com que Portugal se debate no plano interno e europeu. Um processo que tem de ser capaz de romper com os velhos compromissos políticos e sociais que condicionam o alcance e as possibilidades de efectiva mudança na governação do País.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Foi você que pediu estabilidade política? Um texto de Nicolau Santos no "Expresso" on-line.

Paulo Portas saiu hoje do Palácio de Belém, depois de se encontrar com Cavaco Silva e disse, com ar sério e pose de estadista: "Consideramos que o valor da estabilidade política é relevante não apenas para a governação do país, mas para a conclusão do programa de assistência financeira que Portugal assinou com a troika".
É muito difícil uma pessoa conseguir dizer uma piada e não se rir da própria piada. Nesse aspeto, Paulo Portas é do melhor que temos em Portugal. É um autêntico camaleão, que se transfigura consoante o meio onde está.
Se está entre os reposteiros de Belém, fica estadista. Se calcorreia as feiras, torna-se feirante. Se anda na lavoura, torna-se rural. Se visita um lar de idosos, torna-se na Madre Teresa. Se entra no meio artístico, mostra as suas outras artes.
Portas demitiu-se de forma irrevogável do Governo. Tinha razões legítimas para o fazer. Mas foi ele a causa da instabilidade política que abalou o Governo, levou os investidores a fugir e fez disparar os juros da dívida pública.
Vir agora dizer que considera relevante a estabilidade política não é só grotesco para ele. É tomar-nos a todos nós, espectadores da paupérrima ópera bufa que CDS e PSD tem protagonizado desde há semana e meia, como mentecaptos. E isso convenhamos que é demais.