Pese embora o ar de virgens no meio do bordel com que, tanto Alexandre Soares dos Santos (patrão da Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce), como outros patrões de outras grandes empresas (esta pulhice é generalizada) juram em coro estarem apenas as mais puras intenções por detrás das suas fugas de capitais e de sedes de empresas para “paraísos fiscais”, mentindo... perdão, afirmando com quantos dentes têm na boca, não se tratar de uma fuga generalizada aos impostos, mas sim blá, blá, blá... a realidade vai-nos dizendo, imperturbável, que até hoje ainda não se encontrou praticamente mais nenhuma razão para estas deslocalizações selvagens, a não ser, claro, os baixos salários, o que não é o caso da Holanda, o país em causa nesta notícia, sendo que, normalmente, estas novas “empresas” criadas nestes paraísos mafiosos, quase nem funcionários têm.
Portanto, sendo um dado adquirido as vagas de fuga de capitais e sonegação fiscal conseguidas por este meio (nem a pública Caixa Geral de Depósitos escapou à tentação!), a única coisa que espanta é a empáfia com que o calhordas do tal Alexandre Soares dos Santos do do Pingo Doce, tem passado a vida nas televisões e jornais, dando lições de moral a governantes, trabalhadores e empresários... a bem da nação e da sua imagem de “grande, impoluto e sábio empreendedor português”.
Dizem os registos que em 2000 este indivíduo foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, “pela prestação de serviços relevantes a Portugal”, sendo que logo depois, em 2006, foi mais uma vez agraciado, desta feita, e em “reconhecimento dos seus atos em favor da colectividade”, com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito.
Enquanto não for possível aprovar leis que impeçam esta pouca vergonha, não será possível, por agora, “agraciá-lo” com um balde de qualquer coisa... desde que seja também num formato bastante “Grã”?