quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Y si Dios fuera mujer? Poema de Mario Benedetti, poeta uruguaio



¿Y si Dios fuera mujer?

pregunta Juan sin inmutarse,
vaya, vaya si Dios fuera mujer
es posible que agnósticos y ateos
no dijéramos no con la cabeza
y dijéramos sí con las entrañas.

Tal vez nos acercáramos a su divina desnudez
para besar sus pies no de bronce,
su pubis no de piedra,
sus pechos no de mármol,
sus labios no de yeso.

Si Dios fuera mujer la abrazaríamos
para arrancarla de su lontananza
y no habría que jurar
hasta que la muerte nos separe
ya que sería inmortal por antonomasia
y en vez de transmitirnos SIDA o pánico
nos contagiaría su inmortalidad.

Si Dios fuera mujer no se instalaría
lejana en el reino de los cielos,
sino que nos aguardaría en el zaguán del infierno,
con sus brazos no cerrados,
su rosa no de plástico
y su amor no de ángeles.

Ay Dios mío, Dios mío
si hasta siempre y desde siempre
fueras una mujer
qué lindo escándalo sería,
qué venturosa, espléndida, imposible,
prodigiosa blasfemia.


TRADUÇÃO
E se Deus fosse uma mulher?

Indaga Juan sem pestanejar
Ora, ora se Deus fosse mulher
É possível que agnósticos e ateus
Não disséssemos não com a cabeça
E disséssemos sim com as entranhas
Talvez nos aproximássemos de sua divina nudez
Para beijar seus pés não de bronze,
Seu púbis não de pedra,
Seus peitos não de mármore,
Seus lábios não de gesso.
Se Deus fosse mulher a abraçaríamos
Para arrancá-la de sua distância
E não haveria que jurar
Até que a morte nos separe
Já que seria imortal por antonomásia
E em vez de transmitir-nos Aids ou pânico
Nos contaminaria de sua imortalidade
Se Deus fosse mulher não se instalaria
Solitária no reino dos céus
Mas nos aguardaria no saguão do inferno
Com seus braços não cerrados,
Sua rosa não de plástico,
E seu amor não de anjo
Ai meu Deus, meu Deus
Se até sempre e desde sempre
Fosses uma mulher
Que belo escândalo seria
Que afortunada, esplêndida, impossível,
Prodigiosa blasfêmia!
Poesia de Mario Benedetti,
poeta uruguaio

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

As Mentiras de Pedro Passos Coelho - Pinóquio II



Por algum motivo, Vasco Lourenço, capitão de Abril, afirmou que o governo foi tomado por um Bando de Mentirosos. E foi com essas mentiras, enganando descaradamente os portugueses que PPC chegou ao poder...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Zeca Afonso - Os Vampiros.



No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas á chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas

São os mordomos
Do universo todo
Senhores á força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas

Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhe franqueia
As portas á chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

As Costas Largas de José Sócrates...

Para o actual 1º ministro o motivo das medidas criminosas e de pilhagem a que os portugueses vão estar sujeitos, especialmente os funcionários públicos e pensionistas, e que ele anunciou no passado dia 13, é de inteira responsabilidade do anterior governo. A afirmação que o orçamento é dele mas o défice não, é eloquente. Ele que tanto jurou que nunca iria desculpar-se com a herença recebida...

Não há culpas na dívida da Madeira que atingiu valores astronómicos fruto dos desvarios de Alberto João Jardim;

Não há culpas na cratera do BPN fruto do roubo efectuado pelo gang BPN;

 Não há culpas na quebra de receitas do estado, cada vez mais acentuadas, e com tendência a se agravar, em virtude das medidas de austeridade que vão tirando o poder de compra aos portugueses e, consequentemente, reduzindo o consumo e levando muitas empresas à falência e ao aumento do desemprego;

 Não há culpas no ministro da economia, que deveria desempenhar um papel mais visivil e activo no relançar da economia e está desaparecido em combate. E que só é ministro porque escreveu um livro com ideias ultraliberais sendo que, a única coisa que se conhece da sua governação foi ter apresentado uma proposta de alteração ao código de trabalho para facilitar os despedimentos;

Não há culpas do ministro dos negócios estrangeiros Paulo Portas que demonstrava tanta indignação com o aumento dos impostos decretados pelo governo PS e sempre tão defensor dos mais desprotegidos mas que, agora, entretido com as suas viagens por esse mundo fora, demonstra tanta solidariedade e compreensão com os cortes do 13º e 14º mês dos funcionários públicos;

Não há culpas da ministra da Justiça que de tão poupadinha a única coisa que vez até ao momento foi decretar o fim do uso da gravata no seu Ministério para pasme-se!!! poupar energia;

Não há culpas no actual 1º ministro que revela total impreparação para o cargo e total subserviência perante a Sra. Merkel e o Sr. Sarcozy limitando-se a querer mostrar que é "um aluno aplicado" e incapaz de apresentar uma alternativa, de se afirmar, de se revoltar, de pedir uma simples dilatação do prazo para atingir o défice exigido.

O actual 1º ministro tem mentido aos portugueses. A mentira mais flagrante, entre muitas outras, tem a ver com o facto de ter afirmado que era um disparate "cativar" o 13º mês. Mas, pouco após ganhar as eleições, anunciou o roubo de 50 por cento desse subsídio declarando-o como medida temporária. E, na verdade, foi temporária porque, um mês depois, anunciou não a cativação de 50% mas sim de 100 por cento, não só do 13º mês como também do 14º mês para os anos 2012 e 2013. O actual primeiro ministro MENTE de uma maneira mais rápida e mais dolorosa que o anterior. Não merece qualquer credibilidade. A Juventude Social Democrata, que espalhou cartazes com a figura de Pinóquio, numa alusão a José Sócrates, para ser coerente devia de fazer igual em relação ao seu chefe.


quinta-feira, 13 de outubro de 2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Poema de Miguel Torga

AMEAÇA DE MORTE


Não basta ter-me dado nos meus versos:
pedem a carne e a pele, os inimigos.
Os olhos, dois postigos
de olhar o mundo sem ninguém me ver,
querem-nos entaipados;
e quebrados
os braços, que eram ramos a crescer.

Luto, digo que não, peço socorro,
mas saíu-me ao caminho uma alcateia.
Lobos da liberdade alheia
que me seguem os passos hora a hora,
sem que eu possa sequer adivinhar,
na paisagem do medo tumular,
qual deles salta primeiro e me devora.


Poema II - José Vultos Sequeira

AS VOZES


o
senhor administrador dentro do carro
olha de sobrolho franzido
a manifestação em frente à sede da empresa

a polícia está lá
para evitar que a gentalha se aproxime
e o porteiro
perfilado abre-lhe a porta

o senhor administrador
esfrega as mãos
sorri à secretária
e pergunta
se as cartas para os seus pares
foram enviadas e se as reserva das suites
estão garantidas

«custa um milhão» - esclarece ela solícita -
não há problema - diz ele - são personalidades políticos
jornalistas empresários nossos amigos
mas aquela gente à porta ó minha querida
já disse alguma coisa ao ministro
ligue-lhe e passe-me o telefone»

pouco depois correrias gritos tiros

e alguns dias mais tarde o
ministro - mas meu caro não sei o que lhe hei-de dizer
eles não desistem

e na manhá levantada reerguem-se as vozes uma
canção um protesto a vida


Nota: ambos os poemas foram "surripiados" do blog CRAVOS DE ABRIL.
http://cravodeabril.blogspot.com/


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Marisa Monte e Paulinho da Viola - Carinhoso



Carinhoso

Meu coração, não sei por que
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim
Foges de mim

Ah se tu soubesses como sou tão carinhosa
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim

Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus
Vem matar essa paixão que me devora o coração
E só assim então serei feliz
Bem feliz

Ah se tu soubesses como sou tão carinhosa
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim

Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus
Vem matar essa paixão que me devora o coração
E só assim então serei feliz
Bem feliz