terça-feira, 9 de julho de 2013

Foi você que pediu estabilidade política? Um texto de Nicolau Santos no "Expresso" on-line.

Paulo Portas saiu hoje do Palácio de Belém, depois de se encontrar com Cavaco Silva e disse, com ar sério e pose de estadista: "Consideramos que o valor da estabilidade política é relevante não apenas para a governação do país, mas para a conclusão do programa de assistência financeira que Portugal assinou com a troika".
É muito difícil uma pessoa conseguir dizer uma piada e não se rir da própria piada. Nesse aspeto, Paulo Portas é do melhor que temos em Portugal. É um autêntico camaleão, que se transfigura consoante o meio onde está.
Se está entre os reposteiros de Belém, fica estadista. Se calcorreia as feiras, torna-se feirante. Se anda na lavoura, torna-se rural. Se visita um lar de idosos, torna-se na Madre Teresa. Se entra no meio artístico, mostra as suas outras artes.
Portas demitiu-se de forma irrevogável do Governo. Tinha razões legítimas para o fazer. Mas foi ele a causa da instabilidade política que abalou o Governo, levou os investidores a fugir e fez disparar os juros da dívida pública.
Vir agora dizer que considera relevante a estabilidade política não é só grotesco para ele. É tomar-nos a todos nós, espectadores da paupérrima ópera bufa que CDS e PSD tem protagonizado desde há semana e meia, como mentecaptos. E isso convenhamos que é demais. 
 


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