quinta-feira, 14 de julho de 2011

O que os outros escrevem: Daniel Oliveira no Expresso...

Em reunião do Conselho Nacional do PSD, Pedro Passos Coelho disse que há um "desvio colossal" nas contas públicas. Disse que não se queixaria da herança mas, pelo sim pelo não, um conselheiro fez passar para os jornais a queixa da "herança".
Começa assim o segundo episódio de uma novela que se repete sempre. Durão prometia em campanha não aumentar impostos, chegou ao governo, descobriu que o País estava de tanga e aumentaram-se os impostos. Sócrates prometeu em campanha que não aumentava os impostos, chegou ao governo, descobriu que o défice era maior do que se julgava e aumentou os impostos. Passos disse que não aumentava os impostos, chegou ao governo, descobriu que um "desvio colossal" e aumentou os impostos. Em todos os casos os futuros governantes deixaram claro na campanha eleitoral que não acreditavam nos números oficiais. Em todos os casos fingiram logo de seguida que tinham sido surpreendidos pelos números verdadeiros. Em todos os casos deram o dito por não dito.
A pesada herança é o clássico da política nacional. Cada mentira em campanha é justificada por uma mentira herdada. E uma mão lava outra. A coisa é de tal forma repetitiva que já ninguém liga nenhuma. Nem às promessas que se fazem, nem às promessas que não se cumprem, nem aos números que são falsos, nem ao falso espanto de saber que eles são falsos. A falta de respeito pela palavra dada passa de governo para governo. Essa sim, é a pesada herança de que não nos conseguimos livrar.

1 comentário:

  1. Casa onde não há pão.......todos prometem ... mas depois não dão rs. - Palma

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