quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"Morre lentamente" - Poema de Pablo Neruda



"Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,

quem não ouve música,

quem não encontra graça em si mesmo.



Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,

quem não se deixa ajudar.



Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,

repetindo todos os dias os mesmos trajectos,

quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor

ou não conversa com quem não conhece.



Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.



Morre lentamente quem evita uma paixão,

quem prefere o negro sobre o branco

e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções

justamente as que resgatam o brilho dos olhos,

sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.



Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz,

quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,

quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.



Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.



Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,

não pergunta sobre um assunto que desconhece

ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar.

Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio de felicidade."



Pablo Neruda.

2 comentários:

  1. É bem verdade isso, Jorge.
    Morrer em vida... tem muita gente assim. Só falta deitar.
    "Eu prefiro dez anos a mil por hora do que mil anos a dez por hora", acho que a Janis Joplin que disse isso. Eu prefiro!

    Beijos

    Carla

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  2. "O que de melhor existe nos grandes poetas de todos os países não é o nacionalismo e sim o universalismo."
    Autor: (Longfellow)

    Palma

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