A palavra de Passos vale tanto como a de Sócrates.
Pedro Passos Coelho diz, desde que chegou à liderança do PSD, que não quer aumentos de impostos. Há um ano, acabou por deixar passar o PEC III, que aumentava os impostos. Pediu desculpas aos portugueses por aceitar aquilo que sempre recusara.
Depois disso, continuou a defender que aumentar os impostos não era a solução. Sobre o PEC IV afirmou: "Mantém a receita preferida deste governo: a solução da incompetência. Ou seja, se falta dinheiro aumentam-se os impostos". Chumbou o PEC e não foi preciso esperar um dia para surgir a sua proposta competente e inovadora: aumentar o IVA, o mais cego de todos os impostos. Vai ao bolso dos que sendo tão pobres nem impostos sobre os rendimentos pagam. Vai ao bolso até de quem não tem rendimentos.
Sabe quem não anda a olhar para a política com os óculos da partidarite que as soluções económicas e políticas de Passos Coelho pouco diferem das de Sócrates. No que será mais grave e estrutural limita-se a fazer o mesmo com mais convicção. Agora ficamos a saber que tem o mesmo respeito que o primeiro-ministro pela palavra dada.
Diz-se que Sócrates e Passos Coelho dificilmente se entenderão e que um bloco central apenas é possível sem um deles na liderança dos seus partidos. Uma questão de personalidades, garantem uns. Sócrates não é de confiança, dizem outros. Mas a verdade é que um e outro, para além de concordarem no essencial, padecem do mesmo mal que tem destruido a credibilidade da políca nacional: o que dizem num dia não vale um euro no dia seguinte.
Texto de: Daniel Oliveira no Jornal Expresso.
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