sexta-feira, 6 de julho de 2012

Corte dos subsídios de Natal e de Férias: Governo vai procurar alternativa "alargada a todos"


"Primeiro levaram os comunistas
Mas não me importei com isso
Eu não era comunista
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os sindicalistas
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou sindicalista
Depois agarraram uns sacerdotes
Mas como não sou religioso
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde."
Bertold Brecht (1898-1956)


"Na primeira noite, eles aproximam-se
e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam-nos o cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a lua, e, conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada."
Maiakovski (1893-1930)

A D E N D A


A decisão de cortar os subsídios de Natal e de Férias foi, antes de tudo, um absurdo económico. Associada ao aumento do IVA, é um enorme contributo para o agravar da crise, das falências de Pequenas e Médias Empresas (sobretudo no comércio) e o consequente aumento do desemprego. Não há recuperação possível, na atual crise europeia e internacional, sem mercado interno.
A decisão foi arbitrária. O mesmo governo que é incapaz de renegociar as Parecerias Públoco-Privadas foi ao elo mais fraco e daí sacou tudo o que podia.
A decisão foi irresponsável. Muitos tinham avisado para a inconstitucionalidade da medida, que criava uma desigualdade entre o sector privado e o sector público.
Claro que o governo pode optar por resolver o problema alargando a medida ao sector privado. Seria um absurdo: agravaria de forma brutal a crise económica. Pasos Coelho, dando mais uma vez sinais da sua infinita irresponsabilidade, já deu a entender que é isso que fará. A crise entrará em tal aceleração que a vida política portuguesa mudará muito rapidamente. Não dou muto tempo de vida a este governo depois do dia em que ninguém no privado receber o primeiro subsídio cortado.

(Daniel Oliveira no Expresso on-line)


4 comentários:

  1. "Não esperava esta campanha de intoxicação que está a ocorrer e que começou logo horas a seguir ao conhecimento do acórdão, dizendo-se que a decisão conduziria à extensão das medidas penalizadoras ao setor privado. Não é isso que resulta do acórdão, não é isso que está escrito no acórdão e, pelo contrário, há muitas alternativas em relação a uma situação nesse sentido - alternativas que passam pela redução de outra despesa, quer por medidas no plano da receita que não têm de possuir a configuração que está a ser apontada de forma precipitada por vários interventores e, em particular, pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho."
    Alberto Costa, primeiro subscritor do recurso de fiscalização sucessiva subscrito por 25 deputados do PS e do Bloco de Esquerda

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  2. "No dia em que o primeiro-ministro anunciou esta medida eu defendi que, preferível à medida de supressão dos subsídios de Natal e de férias, era uma imposição não só sobre todos os rendimentos do trabalho, como sobre todas as naturezas de rendimentos sujeitos a impostos. (...) Provavelmente, em 2013, o que vai acontecer é uma reedição do imposto extraordinário que houve em 2011, certamente estudado com mais tempo e mais cuidado, alargado a todos os rendimentos. Isto significa que, os 1800 a 2000 milhões de euros que o estado iria poupar com a supressão do subsídio de Natal e de férias dos funcionários públicos conseguirá atingir tributando todos os rendimentos e todos os trabalhadores, com uma base inferior"
    Bagão Félix, ex-ministro das Finanças

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  3. "Estender isso [cortes nos subsídios] a todos é uma forma de prejudicar os mais pobres, a classe média, quem paga impostos e isso é inaceitável. Portanto, o primeiro-ministro pode construir uma montanha de justificações, no fim do dia a única realidade é esta: ou ele devolve aquilo que inconstitucionalmente retirou ou quer agravar os problemas e se quer agravar os problemas terá a oposição de uma parte importantíssima do país, do Bloco de Esquerda, desde logo."
    Francisco Louçã, coordenador do Bloco de Esquerda

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  4. TEM DE HAVER CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS
    "Neste momento, os trabalhadores da função pública e da administração central do Estado têm de ser ressarcidos daquilo que ilegalmente lhes foi retirado e que pôs em causa um compromisso que estava estabelecido entre trabalhadores e o próprio Estado. O governo tem de assumir as suas responsabilidades, tem de haver consequências políticas."
    secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos

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